A igreja católica de Maria Lanakila, na ilha havaiana de Maui, ficou surpreendentemente ilesa durante os incêndios históricos que devastaram praticamente toda a área circundante. A tragédia no Havaí já se tornou a maior de todos os tempos nos Estados Unidos no tocante a incêndios florestais, com o número de vítimas fatais chegando perto de 100 até este domingo – e ainda podendo aumentar.
Vídeos chocantes mostram a vastidão da destruição na cidade histórica de Lahaina. Tudo levaria a crer que também havia pegado fogo a igreja católica local, cujo nome, “Maria Lanakila”, significa “Maria Vitoriosa” ou “Nossa Senhora da Vitória” na língua havaiana. Quando os residentes começaram a receber autorização para retornar à cidade, porém, as suas fotos e vídeos revelaram que a igreja e a casa paroquial tinham permanecido em pé, contrastando com os edifícios próximos, reduzidos a cinzas.
“Para nós, é como um milagre”, declarou ao jornal Honolulu Star Advertiser o monsenhor Terrence Watanabe, pároco da paróquia de Santo Antônio de Pádua. Em contrapartida, ele também observa que “as pessoas estão chocadas e um tanto arrasadas”, precisando de toda a ajuda possível, tanto em orações quanto em todo tipo de doação. De fato, a Catholic Charities of Hawai’i lançou uma campanha de emergência pedindo ajuda para a população.
Num contexto tão terrível, com quase uma centena de mortos e com os sobreviventes precisando urgentemente de ajuda, faz sentido tentar enxergar um milagre numa igreja que permaneceu de pé?
É um milagre?
Não. Não se pode falar tecnicamente em milagre quando existem explicações científicas plausíveis para um acontecimento. Neste caso, uma gama considerável de variáveis é capaz de explicar por que um incêndio de grandes proporções pode ter deixado um edifício intacto em meio a grandes estragos.
O uso do termo “milagre” é comum diante de fenômenos que parecem sobrenaturais: na grande maioria dos casos, porém, o uso dessa palavra é bem intencionado, mas, como termo técnico, é precipitado e equivocado.
Milagres são fenômenos cientificamente inexplicáveis que contradizem as regras da natureza conforme as conhecemos. Para que algum fenômeno possa ser oficialmente declarado como de caráter sobrenatural por parte da Igreja, são necessários prudentes e detalhados estudos. A Igreja segue critérios científicos bastante rígidos para afirmar algum milagre. Os milagres de cura, por exemplo, chegam a demorar décadas até serem reconhecidos. Os fatos precisam ser cuidadosamente estudados por médicos, revisados por cientistas (na maioria dos casos, laicos e até mesmo ateus), expostos às críticas públicas e, só depois de feitos todos os estudos científicos, a própria Igreja faz a análise teológica mediante o trabalho das suas comissões de especialistas em teologia.
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